segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como lidar?

Ando pensando muito nas coisas que a Maria Mariana diz sobre maternidade, e posso confessar que concordo com boa parte delas. De fato ser mãe é um trabalho que vem sendo desvalorizado ao extremo, ao ponto de muitas mulheres se sentirem culpadas não pelo fato de deixar os filhos em casa para voltar ao batente, mas sim de permitir que os filhos, vez por outra, "atrapalhem" o seu ritmo de trabalho.
Não tenho dúvidas de que é muito mais difícil educar um filho do que ter dois, três empregos. Mas num país tão cheio de desigualdades como o Brasil, é preciso lembrar que, para a maioria das mulheres, passar o dia na rua e deixar o filho com uma babá é a única escolha possível, principalmente quando estamos falando de mães solteiras (1 milhão de membras).


Bia aos quatro meses. Como sair pra trabalhar e deixar um bebê desses em casa? 


Houve uma época, quando a Bia ainda era pequetita, que cheguei a ter quatro empregos, sendo dois fixos e dois frilas, mas que também eram fixos. Não me perguntem como eu consegui, porque sinceramente não sei. Lembro que eu dormia por algumas horas e acordava sobressaltada, no meio da madrugada, e corria pro computador, pra tentar adiantar algum trabalho. Acho que minha insônia crônica começou aí. 
De fato foi um período bem difícil. Eu tinha acabado de me separar do pai da Bia, que não tinha condições de pagar pensão. Então a barra pesou, porque com duas crianças pequenas em casa (a Clarice tinha cinco anos), a despesa é enorme. Mas não aconselho ninguém a fazer o mesmo. 
Num mundo perfeito, mães numa situação como essa teriam todo o apoio (da família, do Estado, das empresas onde trabalham), para que não precisassem sacrificar praticamente as 24 horas do dia para manter suas casas. É claro que nem sempre as mães solteiras são chefes de família, já que muitas continuam morando com os pais (decisão sábia, eu diria). Mas quando não existe essa opção, a mulher precisa se desdobrar entre dois, três empregos, e ainda supermercado, pagamentos, organizar a rotina da casa, e quase não sobra tempo para dar atenção de qualidade às crianças, sem dúvida as mais prejudicadas. 
Maria Mariana é uma mulher corajosa, mas também de sorte, pois de alguma forma pode contar com o apoio do marido e/ou da família para levar adiante seu projeto de maternidade em tempo integral. Aposto que muitas mulheres, se tivessem as mesmas condições, certamente gostariam de fazer o mesmo. 

3 comentários:

  1. Marcinha, tá parecendo eu falando...Ser mãe é missão quase impossível nesses nossos dias, escrevi sobre isso no meu blog tem um tempo, olha lá depois http://danimaedaclaricefranco.blogspot.com/2010/12/maternidade-nao-e-profissao.html

    Bjs, saúde e tranquilidade...

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  2. Aqui na França a mãe pode escolher parar de trabalhar para cuidar dos filhos e ser PAGA pra isso! Foi o que eu fiz quando os meus nasceram. O governo me paga para ficar em casa cuidando das minhas crias até os 3 anos deles, idade quando a escola aqui começa. Eh menos do que um salário, claro, mas pra mim foi o ideal porque eu queria cuidar deles de qualquer jeito.

    As vezes eu sinto falta de trabalhar, de ter uma vida profissional, mas sei que é provisório e em breve vou voltar a ativa. E por enquanto aproveito para curtir ao máximo meus filhos.

    Não consigo nem imaginar a loucura da tua vida com bebê pequeno e tendo 4 empregos! Socorro!

    Bjs grande!
    Flavia

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  3. Marcinha, sem palavras , que força heróica Flavia, eu estou pasma, como mãe é tratada com respeito.

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