quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ai que soninho...

As irmãs fotógrafas Kelley Ryden e Tracy Raver são especialistas em fotos de bebês com semanas de vida. O resultado desse trabalho, que exige dedicação, paciência e muita sensibilidade, está no livro Um Sonho de Bebê, que a editora Pensamento está lançando agora.
Vejam essas fotos e me digam se essas criaturinhas não são anjos que desceram à Terra para tornar nossa vida mais doce.





Tem muito mais no site das fotógrafas. Clica aqui.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Um mal necessário

Você passou meses, anos, achando ridículo aquele figurino pretensamente clean, mas que na verdade parece um saco de coar café gigante confeccionado num tecido mais molenga. 
Mas aí você engravida e - putz! - engorda quase três quilos nas primeiras oito semanas. Nenhuma calça jeans, por mais promessas de lycra que traga na etiqueta, vai dar conta dessa cinturinha de melancia ovo que você acaba de ganhar. Fora que tudo causa agonia, e abrir o guarda-roupa já é um sofrimento. Se pudesse, você iria trabalhar de pijama.  
Então chega o momento de fazer o primeiro grande sacrifício pelo bebê. Você vai ao shopping, de óculos escuros e peruca para não ser reconhecida, e sai de lá com uma calça saruel. Uma, não. Duas, três. Só pra garantir. 
Minha Nossa Senhora do Balé Moderno, do Jazz e do Sapateado. A sensação de conforto é in-crí-vel. Na verdade, a calça saruel só deveria ser liberada para as grávidas. E sob orientação médica. 

Livro de cabeceira

"O que é feito com as crianças 
elas farão com a sociedade."

Essa é uma das frases de rodapé da Agenda da Gravidez, um presente que resolvi dar a mim mesma ontem, mesmo tendo que deixar os dois olhos da cara na livraria. Tive uma agenda idêntica durante minha primeira gravidez, mas por algum motivo que não me pareceria nada convincente hoje, resolvi passá-la adiante depois que a Clarice nasceu. Talvez eu achasse que não viveria aquela experiência de novo - ledo engano, não é?
A Agenda da Gravidez é praticamente um livro, que conta dia-a-dia como está se dando o desenvolvimento do bebê no útero, e também as transformações no organismo da mulher para dar conta do recado. Ainda não consegui me situar, pois, organizada como sou, não anotei o primeiro dia da minha última menstruação. Pelas minhas contas, eu estaria no dia 53 (ou 54) de gestação, mas essa semana confirmo com meu obstetra. 
O dia 54 traz a seguinte informação: "As pálpebras do bebê já estão mais desenvolvidas e a língua, completamente formada. Hoje os ouvidos externos completarão seu desenvolvimento. Os dedos dos pés do bebê perdem o entrelaçamento e parecem mais compridos."
E daí as coisas chegam a um nível de detalhamento tão grande, que não tem como você não sentir que está carregando uma jóia dentro de si. Um sistema tão complexo, e ao mesmo tempo tão imperceptível para quem está aqui do lado de fora, só faz confirmar que cada gravidez é um pequeno milagre. 
É claro que os enjôos, as tonturas e as variações de humor continuam lá. Hoje, aliás, foi a primeira segunda-feira em quatro semanas que consegui levantar da cama e trabalhar normalmente, como se (quase) nada estivesse acontecendo. Agora é fé em Deus e pé na tábua, feliz por ter companhia dentro da própria pele. 


sábado, 23 de abril de 2011

Unidas demais






Clarice e Bia num emocionante musical. Vídeo antigo, acho que tem uns três anos, lembrança de uma época em que elas ainda não brigavam porque uma odeia o Paramore e a outra acha o Justin Bieber um pirralho sem-graça. Bons tempos. 

Uma saudade sem fim

Muita gente em Belém o conhecia, não pelo nome, mas sim pelo apelido. Marcelo "Borel", o pai da Ana Beatriz. Extrovertido, bem humorado, cheio de amigos. Tenho pensado muito nele durante os últimos dias, mais do que o comum. Talvez porque a minha gravidez tenha deixado a Bia meio atordoada, alternando momentos de tolice e maturidade, e isso a tem levado a buscar na figura do pai uma espécie de consolo, diante do medo de ser colocada "de lado" quando o bebê nascer. 
Acontece que o Marcelo não está mais aqui. Ele se foi muito jovem, tinha 28 anos, e a Bia tinha acabado de completar três. Apesar de estarmos separados, os dois eram bem próximos e passavam os finais de semana juntos com frequência. Tentar explicar a morte do pai para um filho pequeno foi a missão mais difícil da minha vida, e continua sendo. Porque a saudade não acaba nunca. E as perguntas que saem da cabecinha dela, ah, essas são de partir o coração.
Há algumas semanas, um polvo de pelúcia que foi presente do pai e que andava esquecido no fundo do guarda-roupa voltou a  ser companheiro inseparável da Bia. E não há uma noite em que ela não peça pra dormir abraçada comigo. Dia desses, no meio de uma conversa, eu disse: "Bia, você sabe que a mamãe não vai deixar de te amar só porque vai ter outro bebê, né?". Ao invés de concordar, ela me saiu com um "tem certeza disso, mãe?". 


 
Bia e papai Marcelo em Icoaraci

Sei que esse medo de "ficar no canto" é normal, e acredito que somente com muita conversa e demonstrações de afeto, agora e depois que o bebê nascer, ela vai se sentir mais segura. Já a saudade do pai é um sentimento mil vezes mais difícil de administrar. 
Menos de um ano depois da morte do Marcelo, a Bia aprendeu a ler sozinha. Ela tinha acabado de completar quatro anos. Lembro do quanto fiquei triste por não poder compartilhar isso com ele. Isso e milhares de outras coisas que vieram depois: a catapora, o recital de Natal, os avanços na aula de natação, os bonecos de massinha, a preguiça de tomar banho, o amor pelos animais, as dezenas de cartas e histórias em quadrinhos. Penso no quanto ele sentiria orgulho de vê-la assim, uma garotinha com a cabeça cheia de ideias, a imaginação que voa lá longe e uma gargalhada que enche a casa de alegria. 


terça-feira, 12 de abril de 2011

Buchudismo é tendência

Gil, eu e Dominik: as grávidas comandam

Há duas semanas ganhou a internet a curiosa história da cadeira da fertilidade: sete funcionárias grávidas em apenas 18 meses num mesmo hotel, na Inglaterra. Histórias como essa a gente vê por aí e no máximo dá boas risadas, depois esquece. Mas a situação é diferente quando acontece bem pertinho de você. Ou melhor, com você. Pra ser mais específica, com você e a sua equipe. 
Somos quatro mulheres e um homem no caderno de cultura do Diário do Pará. Bom, das quatro mulheres, três estão grávidas: eu e as repórteres Dominik e Gil - ou seja, 75% da equipe, considerando-se que o Leonardo não pode fazer parte dessa estatística. Só restou a Amanda, minha editora assistente, que já não aguenta mais tanta patrulha. Aliás, como ela e o Léo são namorados, a encarnação acaba sobrando para os dois. 
Enquanto isso, as três buchudas programam um baby chá coletivo, provavelmente para o início de maio, já que Dominik, a mais apressadinha, daqui a pouco sai de licença. Só ainda não tiveram tempo para sair juntas rumo às comprinhas para os bebês. 
É muita fofura, Brasil.  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como lidar?

Ando pensando muito nas coisas que a Maria Mariana diz sobre maternidade, e posso confessar que concordo com boa parte delas. De fato ser mãe é um trabalho que vem sendo desvalorizado ao extremo, ao ponto de muitas mulheres se sentirem culpadas não pelo fato de deixar os filhos em casa para voltar ao batente, mas sim de permitir que os filhos, vez por outra, "atrapalhem" o seu ritmo de trabalho.
Não tenho dúvidas de que é muito mais difícil educar um filho do que ter dois, três empregos. Mas num país tão cheio de desigualdades como o Brasil, é preciso lembrar que, para a maioria das mulheres, passar o dia na rua e deixar o filho com uma babá é a única escolha possível, principalmente quando estamos falando de mães solteiras (1 milhão de membras).


Bia aos quatro meses. Como sair pra trabalhar e deixar um bebê desses em casa? 


Houve uma época, quando a Bia ainda era pequetita, que cheguei a ter quatro empregos, sendo dois fixos e dois frilas, mas que também eram fixos. Não me perguntem como eu consegui, porque sinceramente não sei. Lembro que eu dormia por algumas horas e acordava sobressaltada, no meio da madrugada, e corria pro computador, pra tentar adiantar algum trabalho. Acho que minha insônia crônica começou aí. 
De fato foi um período bem difícil. Eu tinha acabado de me separar do pai da Bia, que não tinha condições de pagar pensão. Então a barra pesou, porque com duas crianças pequenas em casa (a Clarice tinha cinco anos), a despesa é enorme. Mas não aconselho ninguém a fazer o mesmo. 
Num mundo perfeito, mães numa situação como essa teriam todo o apoio (da família, do Estado, das empresas onde trabalham), para que não precisassem sacrificar praticamente as 24 horas do dia para manter suas casas. É claro que nem sempre as mães solteiras são chefes de família, já que muitas continuam morando com os pais (decisão sábia, eu diria). Mas quando não existe essa opção, a mulher precisa se desdobrar entre dois, três empregos, e ainda supermercado, pagamentos, organizar a rotina da casa, e quase não sobra tempo para dar atenção de qualidade às crianças, sem dúvida as mais prejudicadas. 
Maria Mariana é uma mulher corajosa, mas também de sorte, pois de alguma forma pode contar com o apoio do marido e/ou da família para levar adiante seu projeto de maternidade em tempo integral. Aposto que muitas mulheres, se tivessem as mesmas condições, certamente gostariam de fazer o mesmo. 

domingo, 10 de abril de 2011

Sofrências

Sorvete de limão, picolé de limão, limão (claro), laranja, pastilhas Valda.
Tudo isso junto (ou não) logo após as tentativas de café, almoço e jantar.
Então você já acorda estressada, pensando no que comer para não passar mal depois.
E em duas semanas, a única coisa que não deu rebordosa foi o vatapá da cantina da Funtelpa.
De resto, essa tem sido minha emocionante rotina nas primeiras semanas de gravidez: comer, passar mal e dormir. Enquanto isso, o cesto de roupas pra passar vai se avolumando lá no canto da sala.
...
Você reclama da multidão de crianças revirando a casa todos os dias, mas basta uma criaturinha inventar de visitar a colega e bate aquele vazio. Bia foi passar um dia na casa da Ana Luísa; Daniel nem tchuns pra gente; ficamos eu e a Clarice, que agora tá viciada em Tumblr e quase não desgruda mais do laptop. Daí o Rogério inventa de beber até de manhã fazer um risoto com o Paulo e o Luiz. Pronto, você é uma grávida sozinha no mundo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sobre galinhas no quintal

Enjôo 24 horas por dia. Simples assim.
E você achando que seria fácil.
Nananinanão.
Marinheira de terceira viagem, eu deveria estar acostumada. Mas não estou.
Até porque as gestações das meninas foram bem diferentes, ou pelo menos eu não lembro de ter sofrido tanto.
Tô experimentando tudo que me indicam. A mais nova aposta é chupar gelo (só tenho que descobrir uma técnica pra fazer isso enquanto edito o caderno).
Até cena de filme com comida tá me enjoando. Sem contar que eu tô um pote, reclamando de tudo, num aguento ver nada fora do lugar... AARRGH!
E ontem voltei ao trabalho na redação, o que pode ser considerada uma vitória, porque finalmente consegui levantar da cama. Mas ainda falta arrumar pique pra conciliar com a assessoria e com todas as outras demandas dessa vida de mãe, jornalista, mulher, dona-de-casa...
Felizes eram nossas avós, que só cuidavam da casa, do marido e de uns 15 filhos. E ainda sobrava tempo pra criar umas galinhas no quintal.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tempo, tempo

Primeira saída noturna da Clarice. Arte Pará, outubro de 1998. Foto da caríssima Paula Sampaio. 


Clarice e suas experimentações fotográficas, março de 2011. Auto-retrato.