segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estressada, eu?

Nunca mais passei por aqui, imagina os (três) leitores. Mas é que a coisa não tá fáceo, como dizem lá pelo Twitter. Na semana passada feijãozin, que na verdade agora é bacurizin, resolveu me dar um susto. Ficou insistindo em ver o mundo aqui fora, e haja contrações e dores. Corri para o obstetra e ele recomendou uma medicação e repouso absoluto durante três dias. Até aí tudo bem, se não fosse um pedido simples, mas absolutamente inviável: "Evite o estresse."
Me imaginei arrumando as malas e me mandando para uma ilha deserta, bem longe das contas a pagar, do vizinho que reclama da Pepita, do boletim colorido da Clarice, da capa que cai na hora do fechamento. No kit de sobrevivência, apenas (muita) comida e os DVDs com a reprise de Vale Tudo, que eu deixei de acompanhar porque num tenho mais idade pra dormir às duas e acordar às seis. 
Grávidas são seres estressados por natureza, mas o mundo também não colabora para que seja diferente. Porque a sensibilidade está à flor da pele e elas têm que lidar com todos os problemas do cotidiano, com gente que não respeita a vida nem em sua formação, e ainda com um monte de questionamentos e medos que surgem assim, do nada. E se as respostas não forem imediatas (essa é a regra), elas são automaticamente arremessadas num tobogã de emoções. Grávidas são seres filosóficos. A diferença é que, ao invés de escreverem um livro, elas choram. Grávidas são seres solitários.